Confessionário.

Quando criança, não tinha tamanha percepção da contínua presença do meu pai ao meu lado e do quanto ele queria me manter segura. Como era valioso aquele abraço... Mas parece que assim que a idade avança, perdemos toda a essência. Nossos olhos são espontaneamente guiados e nosso coração atraído por tudo aquilo que o mundo oferece, nos fazendo esquecer de onde viemos e nos fazendo viver uma mentira, camuflados, escondendo quem somos para agradar aos outros e ser aceitos.
  Resolvi sair de casa.. Meu pai achava que tiraria meu foco de ser popular e ter prestígio, porque em casa era o único lugar que eu não teria. Costumo falar que os da nossa casa só vêem nossos defeitos.. Ah, tudo bem que meu pai não era assim, ele sempre fazia menção do meu valor, mesmo quando eu mesma não reconhecia.
Mas o mundo era grande demais pra eu ficar só dentro de casa.
  Curti tudo que achava me fazer bem, conheci muitos garotos, sofri por alguns e não achei o verdadeiro amor em nenhum. Com bebidas preenchia momentaneamente o vazio..Cheguei até experimentar outras drogas, mas nada fazia sentido!
  Hoje reconheço que errei, foi mesmo tudo em vão, mas se não tivesse sido assim talvez não conheceria o melhor amor. De quem? É óbvio ser do meu pai. Aquele sim me amava! Hoje ele está me ajudando a curar feridas que o mundo fez e as pessoas até dizem que ele morreu por todo pecado que vivi.. Estranho. Mas se foi mesmo assim, não foi em vão e a única certeza que eu tenho é que agora ele está vivo do meu lado, dentro de mim e eu não quero viver longe dessa presença nunca mais!!



História ficticia baseada em fatos reais.